sábado, 1 de maio de 2010


Família da Morada da Floresta

Relato de Parto: A opção do Parto Natural
Dar à luz pode, e é o que geralmente acontece, envolver horas de intenso trabalho de parto e altos níveis de dor. Em meu segundo parto natural refleti profundamente nas horas que antecediam o nascimento de meu filho sobre, o por quê mesmo que eu tomei a decisão deste tipo de parto.

Esta reflexão trouxe me enquanto mulher um entendimento de aceitação de que esta é uma opção intrinsicamente pessoal que confere a bases muito profundas da mulher, sobretudo as questões hereditárias, a relação de companherismo com o pai e a força interior e espiritual.

Cada trabalho de parto por que passei trouxe me em síntese mais respeito pela mulher. No primeiro parto durante as dores de contração eu reverenciava internamente todas as mulheres e toda humanidade que passou por esta tremenda experiencia. No segundo parto eu aceitava mais e mais todas as mulheres e famílias e todas as opções de como se receber um ser humano à este mundo, compreendendo que o parto natural é uma decisão que requer bases fortes.

Depois de nascido o bebê, lá estavámos nós juntos conscientes e fortes sob o efeito alquimico hormonal, em um ambiente privacidade e de respeito, um parto livre de lacerações e envolto de beleza em seus detalhes.

Diante do contexto atual onde o índice de cesárianas no Brasil chega a 95% dos partos, sinto que cada experiencia de parto considerada hoje informal, tem seu valor em ser compartilhada e meu objetivo puro e sincero em meu compartilhamento é inspirar a mulher a conectar se com seu poder pessoal de atuar ativamente em seu parto.



Parto, Pós Parto e Comunidade
A prática de retirar –se para a natureza.

Residimos na grande cidade de São Paulo, na Morada da Floresta porém decidimos nos afastar em retiro na natureza para nossos partos. Nossa primeira filha, Violeta Luz nasceu no Sul de Minas Gerais em um local de montanhas e cachoeiras e nosso segundo filho, Micah nasceu em Goa, litoral da India.

A natureza ensina com a sua fluidez o ato de se entregar, fortalece o corpo com sua vitalidade e acalma a mente com seu silêncio Os dias que antecedem o parto na natureza são carregados de inspiração e orientações da intuição.

A natureza em si, conspira para o que é natural. Como optar por um parto natural levando um contexto de vida completamente anti natural?

No pós parto nos concentramos em retiro durante a quarentena as adaptações fisicas e psicologicas de nossa familia, na reorganização esquema de vida com a chegada do bebê e ao estabelecimento da amamentação.

Completada a quarentena retornamos para a nossa casa na cidade de São Paulo, apresentando o novo bebê para os familiares, amigos e entes queridos, abrindo a casa para as visitas.

O bebê recém nascido pôde estabelecer assim suas primeiras impressões sensoriais na natureza recebendo ar e raios solares mais puros e maior silêncio.

Outro fator que favoreceu muito a qualidade dos detalhes para nossos partos foi a presença e o apoio de amigos convidados, tornando também o ambiente do parto familiar

O estilo de vida em comunidade busca resgatar valores intrinsecos do convívio humano, e o calor de coração para coração.

Atualmente nos grandes centros urbanos, devido ao tipo de vida, as famílias tornaram- se nucleares (pai, mãe, filho). Sem a presença de parentes ou amigos próximos fica difícil também a ajuda necessária para o resguardo da mulher na quarentena.

Em nossa Moradia vivemos em comunidade, nesta configuração a criança amplia sua referencia em convívio com outros adultos. No caso de nossa primeira filha, por um periodo tivemos a oportunidade de compartilhar também a convivencia com outro casal com uma criança da mesma idade, o que enriqueceu muito a experiência maternal e tornou os dias das crianças mais divertidos. As fases destes dois anos de Violeta, tornaram-se mais suaves devido ao natural compartilhamento dos cuidados com ela e os momentos de brincadeiras, com outros membros da Morada da Floresta, além de nesta configuração da Morada ela poder conviver com pai e mãe presentes, pois nosso trabalho é realizado em nossa própria casa, este é também um princípio da Permacultura .



Relato: Ana Paula Silva e Claudio Spinola